Otro Lunes Rojo
Segunda Vermelha |
Hoy Lunes Rojo, celebre su feminidad, circule, festeje, sienta honor en ser mujer, sienta placer en desconceptuar las pesadas nociones que el machismo y el patriarcado cimentaran sobre el simple acto de menstruar... Desmistifique!
Luciana Onofre
Fazendo eco, apoiando esta iniciativa, e essencialmente por ter vindo este tema à minha vida via fala/escrita de uma amiga a quem prezo e admiro, a Danielle Sales. Ela ativista menstrual, feminista, mulher dedicada à nossa Espiritualidade Feminina e Feminista.
Minha fala este ano se remete à experiência que vivencio em companhia da minha filha Alicia, de 10 anos.
Ela em processo de crescimento, dum desabrochar em mente e corpo... E perante tudo isso o susto, o medo, a tristeza que nela vejo, em deixar um ciclo [o de criança] e adentrar ao Maravilhoso Mundo Novo do "Vir-a-ser-mulher".
Devo confessar que muitas vezes me sinto nadando contra a correnteza ou surfando lá no alto da maior onda fatal em queda livre... Sou uma contra o sistema.
Mas não esmoreço, pois quero para ela um entender melhor, uma compreensão ampla, lúcida, sadia do que é menstruar, do que é mutar o corpo, do belo que mora nela, do Sagrado que é seu corpo, nossos corpos.
Nesse processo todo, de delicadas falas, se insere mesmo que sem ter sido objetivado meu filho de 7 anos. Que sinto irá ser um belo representante do pequenino grupo de homens Matrízticos que podemos e devemos parir!
Em pesquisas dentro da língua portuguesa me deparei com um livro titulado "Manual de sobrevivência da garota descolada", ao virar o livro notei o selo editorial: MC Mundo Cristão... Por que o cito? Por ter sido o único livro/volume a venda numa livraria interessada em zelar pela qualidade do material que coloca à venda, uma livraria na qual você entra certa de que ali irá encontrar o que não há na cidade toda...
Isso me deixou taciturna...
Folheei o livro, e encontrei sim um capítulo dedicado ao tema "menstruação", e pensei vou comprar, pois ali em segundos não poderia eu ter noção alguma do contexto, ou modo em que apresentava a autora o tema.
O capítulo 3, da página 40 até a 60 discorre de forma ampla mas extremamente "técnica" sobre o que é o aparelho reprodutor, a menstruação, a TPM, como evitá-la.
E na página 53 de forma bem direta a autora diz como Deus ajudará a moça a encarar essa fase: Leia o Levítico 15, ali você verá como era encarada a mulher impura nesses dias, mas, MAS, depois leia o Livro dos Cânticos, "para não considerá-la uma maldição, você terá que que desenvolver uma atitude positiva".
Positiva? Como se a primeira leitura indicada aterroriza qualquer menina ao internalizar que ela é impura, intocável se menstruada, por que o Deus cristão assim considerou ser adequado? E a leitura considerada como "animadora" é indicada no livro assim: "leia Cânticos (...) sem dúvida você pode pensar nesses versículos quando estiver se sentindo um pouquinho amaldiçoada". ????
Quem é amaldiçoado aqui? Nós, as fêmeas feministas, as fêmeas lúcidas, que desejam que todas as demais fêmeas encarem cada partícula do seu corpo como normalíssimo, belo, desejável e sadio!
Alícia numa dessas noites nas quais trabalho fora [sou professora de língua espanhola] pegou o tal livro, que eu deixara na minha mesa de trabalho [me senti eu sim amaldiçoada], e quando cheguei a vi com os olhos assustados, escondendo o livro atrás dela, assustada por ter pego o livro ou por ter lido o livro? Por ter lido...
E agora cá estou eu, novamente no ápice daquela imensa onda, me equilibrando na prancha de surfe, olhando o abismo, e dizendo, bradando, posso cair mas me levanto!
Me levanto e faço tudo de novo, novamente teço a fala, novamente enfrento a fala.
O mantra: Desmistifique a menstruação!
Sempre grata,
Luciana Onofre
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