Ontem em uma conversa me foi lembrado que eu deixara de escrever "as quintas para agradecer"...
E assim é, por alguma razão não pensada eu percebi que essas quintas sumiram lá no meu blog Germinando, mas não por falta de motivos para agradecer, eu penso que há muito, muito mesmo para isso.
Hoje retomo em caráter especial esse costume, e o faço aqui em caráter especial por um motivo: esta retomada do "eu agradeço" é por uma amizade que eu sei, nunca agradeci em escrita.
E ela deve, TEM que ser agradecida. Então em tempo o faço.
Saber ser é algo complexo, saber ser considerando a um outro ser, e ainda mais quando jamais vimos de perto esse outro ser; quiçá saber ser dentro dessa configuração seja algo mais valioso, o é para mim, por haver assim um construto maior e mais laborioso da amizade. E como conseqüência há mais riscos em crer, em ter fé, em ver e ter lealdade, uma lealdade de duas vias, indo e vindo.
Entre ambas, eu e ela, e por sermos muito parecidas, muito mesmo de forma até chocante, já há uma história com muitas passagens, com todas as leituras, com desencontros de pensamentos, com instantes epifánicos, com ciclos de "eu te permito a distância, porque te respeito e sei que para sermos melhores entre nós, ela se faz".
Com todas as emoções, da tristeza ao amor, da preguiça à necessidade da partilha, do estranhamento ao reconhecimento.
O reconhecimento de que eu, ela somos "aquela que sempre está ali".
O que é "sempre está ali"?
É apenas isso, sempre estar ali.
Mesmo que eu ou ela cansemos uma à outra com nossos conflitos. Nossas falas. Estamos aqui, ali. Mesmo que tenhamos ficado algumas vezes esperando mais uma da outra. Mesmo que 2 décadas de vida separem nossas linhas de tempo.
Essas 2 décadas em vez de evidenciar incompatibilidade, enfatizam completude. Por que eu me vejo nela no meu espelho do passado, e ela vê em mim a trilha tortuosa que tive/quis seguir para ser uma mulher do "bem" hoje, aqui... E suponho que assim quem sabe a trilha de escolhas dela seja mais branda do que a minha.
Ontem foi um dia longo, tortuoso, e me permito dizer que Hermes/Mercúrio veio célere e falou, agiu, por outras bocas e atos, fez que surgisse a verdadeira fala e ação dessas bocas, mentes...
E isso me deu aquela chacoalhada, aquela que me sussurrou ao ouvido: você jamais escreveu sobre ela...
E ela "é aquela que sempre está", seja grata.
Sou grata por aceitar minhas imperfeições, meus sumiços, minha intensidade, meus dramas pessoais, por me ensinar a entender as diferenças que cada uma temos quanto a sentir, viver, ser, manifestar ou não...
Muitas vezes passamos batido sem cair em conta quanto a apostar muito, não diria eu em pessoas erradas, mas sim em pessoas que não estão no mesmo canal que nós. Eu já fui como todos, já cometi erros crassos, rasos, já pensei mal sobre alguém, já proferi falas tortas, já senti torto, e ela sempre esteve ali, vendo, ouvindo, lendo todas essas minhas fases tortas... E mesmo assim, apesar disso, é leal. É aquela que está ali.
Ela está no mesmo canal no qual eu estou. Já provou isso, e por ser como é, não precisa provar nada. Eu sei apenas.
Saber apenas, sentir apenas, esse apenas é tudo. É você não ter que recear.
Então meu primeiro "eu agradeço" hoje é para ela e por ela.
Já vivenciamos nossos hiatos, nossos "por que será que tudo está assim", nossos medos, por que quando se quer bem, quando se ama é assim, o medo sempre assopra, afinal estamos apostando tanta coisa ao confiar, ao criar apego, ao desnudar a alma. É normal esse medo...
Então eu te agradeço Kel, por estar ali, nas minhas quedas, nas minhas involuções como ser humano, nas minhas manifestações do pior que há em mim. Agradeço saber que não estou só, que há sim um ser constante, e não por acaso a descubro assim, ela fez ser assim.
E sei que não é fácil me compreender. Assumo isso.
Mas posso, [como ontem também tive oportunidade de dizer em outro contexto], eu posso vir de cara limpa e dizer, eu sei quem sou, sei como fui, e não preciso de máscaras, subterfúgios que me escondam. E ter ao seu lado uma amiga que sabe e conhece, que viu e aguenta os lados mais obscuros que você guarda, é motivo imenso para agradecer.
Por que eu sou esta aqui que você vê.
Taurinas somos intensas, duas juntas são então uma tempestade de intensidades... Mas elas [as intensidades] sabem, aprenderam a tomar formas suaves quando devem assim ser.
Acho que todas as mil coisas pelas quais eu sou grata, ficarão para um outro dia, pois ela merece ser aqui a fala do meu "sou grata" hoje.
Sempre grata, sempre,
Luciana
Lu, eu fico sem palavras! É como ver todo nosso sincronismo exposto em palavras tão bem descritas.
ResponderExcluirJá não é difícil entender porque nos é natural e tão fácil a amizade fluir em um respeito imenso, apesar da geração que nos separa.
Essa semana então, quando abrimos ainda mais nossa semelhança, se tornou claro, límpido como o céu de hoje, que as coisas são assim como descreve... ousaria dizer que é de outra vida.
Eu agradeço essa quinta por ter uma pessoa tão intensa e tão incrível. Por uma amizade maravilhosa, nutrida com todo amor e carinho, respeito.
Eu tô aqui. Sempre.
T.A.
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e eu aqui, sempre, e sempre grata =* [do tamanho do mundo]!
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