Em fim, [às vezes penso que sou lida no pensamento], passou a Segunda Vermelha, e eu não escrevi sobre menstruação.
Escrevi dois anos seguidos. Nos que eu imbuída de n energias me senti inspirada a participar.
Este ano não.
Vejamos por que: o projeto é centrado no aspecto sagrado que mulheres percebem e apreendem no ato de menstruar, no seu sangue.
Por ser algo sacro para muitas pensei ser respeitoso da minha parte esperar e não mais discorrer pensando na premissa proposta pelo projeto.
Mas por quê? Bom por neste meu hoje encarar novamente a menstruação como algo pessoal e político. E não como é visto por muitas.
Eu encaro como manifestação biológica do meu corpo, dum corpo não grávido saudável, e que precisa ser excluído do mundo tabú do homem e mulher machista/patriarcal.
Encaro como ciclo e passagem a sua presença, a sua ausência e a sua suspensão final.
Por pensar na menstruação como algo subjetivo e pessoal, a penso como algo político. Que deve ser respeitado, e não tido como marca de inferioridade feminina.
Algo que me diferencia do corpo masculino também.
E que o masculino encara muitas e muitas vezes como secreção suja, como dias negros, como mote para denominar a mulher de neurastênica, louca, instável.
E daí que é questão do meu político, do meu ser como individuo igual ao masculino, e merecedor de respeito e honra.
Mas não encaro esse sangue como material/objeto/signo sagrado. Não apenas, a menstruação é uma parte de mim, eu sou o todo.
Creio que todo meu corpo é sagrado. Da ponta do meu cabelo à última unha do meu pé. Do meu interior ao meu exterior.
Sou sim Theateísta, e penso que o fato de não celebrar o sangue meu como o celebram outras mulheres pagãs não é demérito, nem me faz menos Delas.
Penso sim que externalizo algo que faz parte do que eu creio e como encaro ao meu corpo.
Menstruar é um ciclo humano do meu feminino, assim como o será a menopausa, e é o ciclo como período/fase/etapa, o que eu vejo como importante. Por que um ciclo sempre delimita parte duma vida. Sempre marca começos e finais.
Mas não mais importante do que minha fase mãe, minha fase mulher madura, minha fase de jovem adulta faz alguns anos atrás, nem o será quando chegar minha vez de ser avó...
Se você tiver tempo e vasculhar neste blog verá que não estou sendo incongruente, que não mudei da água pro vinho, que sempre minha fala correu dentro desta pauta, que aqui exponho, quanto ao menstruar.
Admiro e respeito as fêmeas que se engajam em sacralizar seus sangues, e considero que a coexistência da minha postura com a delas é saudável.
Me percebi não tendo a postura que vi em outras, de engajamento efusivo pelo seu sangue, pela segunda vermelha, pelo menstruar.
Congruente então é finalmente compartilhar com você, que por ventura me leia, o que é e não é minha menstruação para mim.
Lo personal es político.
Grata,
Luciana Onofre
MM